Cabelo sempre foi associado a feitiço, fetiche e/ou sedução. Era sob
suas madeixas loiras que Afrodite tapava sua nudez para sentir se mais sensual
e provocante. Folclore à parte acredita que a cor do cabelo, se não determina,
pelo menos induz à personalidade das mulheres. Claro que com um cabelo que a
deixe pronta para arrasar, todas as mulheres no mundo sentem-se mais seguras e
confiantes.
‘’Não há como não reconhecer que cabelos são um convite aos sentidos –
ao tato, por exemplo,na delicadeza de suas texturas; ao cheiro, na
possibilidade de explorar com o nariz o recôndito daquelas cascatas; e, embora
eu reconheça que isso aí já configure quase uma perversão, até no sabor. É ou
não é verdade que no caso de algumas Afrodites de pêlos translúcidos, o impulso
é oral, de mergulhar de boca aberta, de sorver vorazmente aquele brilho?’’ (Nirlando Beirão)
Devido ao fato do cabelo constituir um perfeito
adorno para nossos rostos, cortes e penteados sempre foram protagonistas na
história da moda mundial. Lisos, crespos, encaracolados, loiros, ruivos,
castanhos ou com fios negros, o cabelo deixou de ser a moldura do rosto para
fazer história.
A partir de 1900 a feminilidade está no ar e se
reflete em cabeças enormes com penteados volumosos e românticos, adornados por
pesados chapéus. Os cabelos longos são frisados com ferros de ondulação
ferventes que acabam torrando os fios. Em 1904 cria-se a primeira máquina
elétrica para fazer permanente. Doze horas de paciência para fazer os tão
sonhados cachos.
A partir da próxima década, 1910, numa reação aos
exageros anteriores, os cabelos ganham proporções menores, mas continuam
frisados. Surgem os primeiros e raros curtinhos. A henna surge como alternativa para os processos químicos de tintura.
Os anos 20 foram marcados pela mudança radical
de comportamento das mulheres, influenciadas pela Primeira Guerra Mundial. A
partir deste momento elas trabalham, praticam esportes e necessitam de um corte
mais prático. Os cabelos na altura da orelha tornam-se uma febre. Nasce a moda à
la garçonne. Com o passar da década,
os cortes vão ficando mais elaborados graças à forte influencia do cinema que
lança também os cabelos platinados.
Louise Brooks, a da Caixa de Pandora, de corte á la garçonne. |
Mulheres operárias na década de 20. Cabelos mais curtos para a comodidade. |
1930 – A testa finalmente dá o ar da graça, depois de anos escondida sob turbantes, faixas e chapéus. O estilo dos cabelos é quase escultural. As tinturas se tornam ainda mais populares. Surgem os primeiros tratamentos para os cabelos oferecidos nos salões de beleza.
A década de 40 lança a moda do topete que cai displicentemente, emoldurando o rosto.
Rita Hayworth, aliás, Gilda, de quem se disse, nos anos 40, não haver mulher como ela. |
Os anos 50 se caracterizam como a década da modernidade. Do desejo de
Juscelino Kubitschek em modernizar o país – ''50 anos em 5''. Conseqüentemente,
proporcionou maior desenvolvimento da indústria de cosméticos, despertando
maiores interesses para o cuidado diário com a beleza. Os produtos cosméticos
começavam a fazer parte do dia a dia na vida delas. O advento da indústria
cosmética também fez com que as tinturas se popularizassem, principalmente na
forma de reflexos.
A partir de 1960, a beleza referente aos cabelos, sofre forte influência dos franceses – Alexandre de Paris e das irmãs Caritas, primeiras cabeleireiras no mundo. Os cabelos ganham volumes e os fixadores eram à base de enchimentos de esponja de aço, cerveja e açúcar. Surge o rock e o som das guitarras tomam contam do mundo. Os hábitos também se tornam mais exagerados, influenciado pelo som que fazia moda na época. Os cabelos eram adornados com enfeites de grandes proporções, tais como laços de fita. Os homens se aderem aos cabelos longos. Surge o primeiro shampoo à base de proteína. Cria-se o secador manual, a escova redonda, o lavar, secar e cortar. Cabeleireiros ganham status de estrela!
Os anos 70 imprimem muitíssimo bem a cultura do ‘’paz e amor’’. Nunca os
visuais unissex estiveram tão na moda. O movimento hippie estava no auge,
traduzido em cabelos soltos e emaranhados. A partir de 75 , impera a inovação e
criatividade, uma releitura de estilos que valem até hoje. Do Black Power até a
cascata de camadas, da pantera Farrah Fawcett, dona de um dos cabelos de maior
visibilidade na história mundial. Nasce o reflexo. Em 1978, surge a tintura sem
amônia para uso doméstico.
Farrah Fawcett |
A priori, na década de 80, os cabelos perdem a rebeldia e ficam mais
comportados e certinhos, graças às escovas e secador. Loiro com diversas nuances
estão mais em alta que nunca. A futura princesa, Diana Spencer, dita moda para
os cortes de cabelo que influenciaram a época. Para quebrar a caretice da
década, o estilo punk com cabelos espetados e coloridos faz a cabeça da moçada
alternativa. Em meados da década, no Brasil, a TV realiza forte influência
sobre as madeixas femininas. Viúva Porcina e companhia ditam o quê as mulheres
brasileiras usariam na época. O Auge era os cabelos cacheados e a exaltação ao
permanente.
Misturar e reinventar estilos são as palavras de ordem para os anos 90.
A regra é não ter regra. Na porta do século 21, renovam-se todas as
possibilidades. Os cabelos cacheados perdem forçam para dar lugar à era das ''mulheres progressivas''.
A atualidade, digo, os anos 2000, são fortemente influenciados pela
globalização, pela massificação dos processos de comunicação e pela rapidez da
internet. As modificações a cerca da moda são extremamente rápidas,
influenciando cortes, penteados e cor dos cabelos. No entanto, os grandes
profissionais, os de reconhecimento, são os que possuem a expertise da
atualidade com a capacidade de criar e recriar o que foi usado em outras
épocas. Em concursos de beleza, por exemplo, o profissional capaz de apresentar
ao público presente penteados de estilo de época, obterá maior sucesso em
relação aos outros que não agirem desta forma.
O grande desafio para os profissionais da beleza no século XXI é criar formas para
manter os cabelos saudáveis, esbanjando vitalidade para serem moldados,
tratados e recriados infinitamente vezes, como em uma obra inacabada que sempre
se renova.
Está lançado o especial - CABELOS. A cada novo post, informação sobre um
tipo especifico. Fios claros, ruivos ou negros. Do liso ao cacheado,
passando pelos oleosos ou secos, todos os tipos de cabelo serão devidamente
lembrados. Atualizem-se. Informem-se. O nosso compromisso é compartilhar das
nossas e suas experiências. Vale a pena!